
Aníbal de Oliveira Araújo vivia com a imprensa regional e com as comunidades portuguesas no coração. Aos 57 anos de idade, o jornalista de Oliveira de Azeméis sucumbiu a uma rasteira pregada por esse mesmo coração, com o qual se entregou por inteiro à causa de servir não só a sua profissão, mas também a sociedade civil em várias vertentes de actuação.
Desde a juventude que Aníbal Araújo quis estar ligado à imprensa regional, colaborando activamente nos periódicos locais. Depois de um percurso profissional inicialmente ligado à função pública, no dealbar dos 80 era chegada a hora de tomar as rédeas do emblemático título ‘A Voz de Azeméis’, um quinzenário que, logo em 1987, passaria a ser publicado semanalmente, em resultado da dinâmica que o administrador logrou implementar. E estava lançada a semente que frutificaria num grupo de comunicação social que acabaria por estender-se ao mundo lusófono, sobretudo através da revista ‘Portugal’, fundada em 1987, publicação vocacionada para as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Era uma verdadeira carta de família, que todos os meses chegava a casa de muitos emigrantes portugueses.
A revista ‘Portugal’ era, no fundo, a materialização de um carinho muito especial que Aníbal Araújo sempre teve para com as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo. Tanto que foi através desta chancela que, em 1991, foram ‘lançados’ os Troféus Prestígio e Dedicação Comunidades Portuguesas, galardão que ao longo dos tempos se tornou bem conhecido da nossa diáspora. O objectivo era distinguir as personalidades que, em cada uma das comunidades lusas, mantêm vivos os valores pátrios e apostam na solidariedade como valor português. Mais de 400 individualidades foram distinguidas, ao longo dos anos, com este Troféu.
Não seria só Aníbal Araújo a promover distinções e homenagens. Ele próprio foi reconhecido, em Portugal e em inúmeros países, pelo trabalho desenvolvido em prol da portugalidade. Distinguido como comendador além-atlântico, também a República Portuguesa reconhecê-lo-ia digno da Comenda da Ordem de Mérito.
No panorama editorial, o grupo de Aníbal Araújo deixa vários títulos editados, muitos dos quais integralmente custeados, pegando na prosa dos reputados cronistas que sempre soube escolher para as suas publicações de índole informativa.
Em Oliveira de Azeméis, faziam furor as celebrações dos aniversários de ‘A Voz’ e da revista ‘Portugal’, sempre presididos por altos responsáveis governamentais, desde ministros e diversos secretários de Estado, com inúmeros deputados da nação a figurarem entre os convidados de honra.
Aníbal Araújo recorria com frequência a uma citação ‘assinada’ pelo primeiro director do jornal ‘A Voz de Azeméis’, Tomás Fernandes: “Também desejaria que o jornal cumprisse a sua missão de uma forma elevada. Não rastejará”.
Quem acompanhou o trabalho que Aníbal Araújo desenvolveu, ao longo de quase trinta anos, com responsabilidades administrativas e de direcção de órgãos de imprensa, sabe que a missão foi, de facto, cumprida de forma elevada. A honestidade, o sentido de honra, a verticalidade que impunha no cumprimento dessa missão eram os mesmos predicados com que geria a sua própria vida.
Se Aníbal Araújo levou toda a sua vida servindo com competência profissional, a sua abnegação fez com que dedicasse muito, muito tempo ao associativismo. Na área da imprensa, Aníbal Araújo integrou o grupo de fundadores da UNIR – União Portuguesa da Imprensa Regional, organismo representativo de cuja direcção foi, também, presidente. Sob a sua ’égide’ concretizaram-se diversos congressos temáticos sobre o sector, pois Aníbal Araújo sempre foi um acérrimo defensor da justiça com que deveria ser tratada a imprensa regional.
A entrega máxima pela sociedade surgiu quando aceitou ser candidato a deputado da Assembleia da República pelo círculo eleitoral de fora da Europa. Era a posição ideal para quem sempre lutou, e queria fazer algo de bom pelos emigrantes portugueses que, acreditava Aníbal Araújo, vinham sendo esquecidos pelos partidos políticos e pelos governantes. Não almejou a vitória, mas conseguiu um resultado histórico para o partido pelo qual, embora na condição de independente, deu rosto e nome, ficando assim testemunhado o carinho e amizade com que os que estão lá fora correspondiam Aníbal Araújo.
Fica a lembrança. Fica a memória de um Homem justo, que – quantas vezes demasiado ingenuamente – não abdicava da honestidade em nome de qualquer benefício pessoal. Fica a saudade ‘daquele abraço’ com que, ao telefone, se despedia quando estava longe, no outro lado do Atlântico, mas que diariamente queria saber notícias de Portugal e de Oliveira de Azeméis.
Aníbal Araújo: de nós, para ti, ‘aquele abraço’.
(adaptação de texto escrito por Henrique Bastos)
A pedido do Dr. Francisco Costa, coloco comentário que pretende fazer ao post acima colocado, agradecendo desde já a sua atenção pelo texto publicado
ResponderExcluirNuno Araújo
Sou testemunha de boa parte do que se relata no texto. Eu dirigia o Centro Cultural Luso-Brasileiro em Coimbra, de cujo objecto faz parte a promoção de intercâmbios entre escolas do ensino secundário e universidades, geminações de cidades, iniciativas artísticas e culturais entre Brasil e Portugal.
Ao contactar com as comunidades portuguesas no Brasil e ao conhecer os agentes da integração luso-brasileira foi incontornável a figura dinâmica do Comendador Aníbal Araújo.
Foi um incansável promotor dos laços entre as Comunidades Portuguesas em diáspora pelo mundo e as suas terras de origem e mostrou a Portugal a dignidade e o respeito que deve ser reconhecido a esses homens e mulheres que são "embaixadores" de Portugal nas Sete Partidas, quantas vezes com estatura equiparável à dos mais altos diplomatas.
Ao comendador Aníbal Araújo "aquele abraço".
E bem haja a quem oportunamente se lembrou de prestar esta merecida homenagem.
Francisco Costa
Centro Cultural Luso-Brasileiro
Coimbra
O Comendador Aníbal Araujo, é daquelas personalidades ímpares que quando se aproximam, logo conquistam a amizade e o bem querer de quem desconhia até aquele momento. Eu tenho um imenso prazer e grande orgulho de ter sido um amigão daquele que elevava o nome de Portugal, pela nobreza com que se comportava e pelo amor que dispunha pela Pátria.É dele a preposição e o levar a cabo das geminações das cidades de Ovar com João Pessoa no nordeste brasileiro, das cidades do Porto com Recife, Viana do Catelo com Cabedelo na Paraiba e infelizmente, não concluiu a Geminação de Santa Maria da Feira com Campina Grande também na Paraiba, pois,nos deixou para o andar de cima, antes que podesse realizar tantos projetos que tinha em mente.
ResponderExcluirSer amigo deste grande português honraria a qualquer um, mas,muito mais que um amigo, Aníbal era um irmão.
Espero que o Nuno, de quem este era um pai apaixonado, continue sua obra,com a mesma garra, dignidade e patriotismo.
Que Deus tenha recebido sua alma e o tenha feito embaixador itinerante dos Céus
Um abraço meu amigo
Osvaldo da Cruz
João Pessoa - Paraiba
obla es um cromo do caralho,
ResponderExcluire bom que te ponhas fininho e na tua vidinha ranhosa.
seu caloteiro,falhado,espero que te fodas todo.
fuck you daquele que nem imaginas quem seja...BOI
Anónimo, a inveja é muito triste....
ResponderExcluirNem coragem tens para submeteres o teu nome....
Enfim... costuma se dizer que quando se deseja mal a alguém, as coisas voltam para a pessoa, mas no seu dobro... Por isso, que Deus te dê no dobro aquilo que tu desejas aos outros.
Deus não dorme e a justiça tarda, mas não falha!
Nem vou dizer mais nada porque não vou descer a um nível tão baixo como tu, que nem escreveres sabes!
Lucia Ribeiro